sexta-feira, outubro 23
Agô - àkàrà
Acarajé é a comida que mais gosto da Bahia, a verdade é que sinto falta de caminhar pela Graça e comer um acará em Regina, todo final de tarde.
Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas. Desta forma o bolinho se tornou, assim, uma oferenda.
Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo.
Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto "je" possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”.
Feito apenas com feijão fradinho, cebola, sal e frito no azeite de dendê fervente, não é à toa que esse misterioso bolinho tem a cor e a temperatura do fogo.
O acarajé é um alimento sagrado, oferecido a Oyá, também conhecida como Iansã, a deusa africana que controla os ventos, as tempestades, os relâmpagos e tem poder sobre o fogo.
Na religião dos orixás, os homens dialogam com seus deuses através dos sacrifícios e oferendas de alimentos. O akará é um deles e veio parar no Brasil através dos escravos africanos iorubás.
Como eram as mulheres negras que dominavam as cozinhas, não demorou para que essa e outras receitas africanas começassem a ser conhecidas e admiradas nas mesas brasileiras.
O primeiro acará, deve ser frito no azeite bem quente antes de colocá-lo, ele sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos.
O acará oferecido ao orixá Iansã diante do seu Igba orixá é feito num tamanho de um prato de sobremesa na forma arredondada e ornado com nove ou sete camarões defumados, confirmando sua ligação com os odu odi e ossá no jogo do merindilogun, cercado de nove pequenos acarás, simbolizando "mensan orum" nove Planetas.
O acará de xango tem uma forma Ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido e cercado com seis ou doze pequenos acarás de igual formato, confirmando sua ligação com os odu Obará e êjilaxeborá.
No Brasil colonial, acarajés, abarás e carurus, entre outros pratos, eram vendidos nas ruas em tabuleiros que as escravas de ganho equilibravam sobre suas cabeças, enquanto iam cantando pregões para atrair a freguesia.
Ingredientes
• 1/2 kg de feijão-fradinho descascado e moído
• 150 g de cebola ralada
• 1 colher (sobremesa) de sal ou a gosto
• 1 litro de azeite-de-dendê para fritar
Aqui uma receita de àkàrà para vocês. Bom final de semana. Epa bábá!
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